Razão ...

RAZÃO ...


O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.

Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.

Seja muito bem vindo!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um beijo para o ano de 2010!

Lembro-me de ficar lamuriando o ano que se passou e desejar que o novo chegue logo para ser melhor. Esse ano foi o meu melhor. Tomei decisões e arquei com as consequências [assim como deve ser] e elas têm sido ótimas.

Esse, foi o ano da minha formatura, dos meus 30 anos, da minha mudança de casa, de cidade, de estado e de estado civil, do meu casamento e da minha nova vida a dois. Muita coisa boa sendo assimilada [na marra], às vezes me deixa apreensiva, às vezes em puro êxtase. Não somente eu, tenho sentido o baque da mudança; Cid também, mas acredito que as mulheres sabem lidar melhor com essas questões.

Quando chego em casa e vejo meu armário sendo ocupado por dois, pratos na mesa para dois, duas toalhas penduradas, arquivos no computador separados pelo nome do casal, tudo isso têm me deixado em uma grande zona de conforto e estou amando estar nessa situação. Tenho deixado Cid tomar as rédeas das coisas [ele adora] e não me sinto tão sobrecarregada ao ter que assumir uma decisão, sem ter tido alguém para ponderar.

Não ... não é só o fato de estar casada. É o simples episódio de ter sido com ELE. Não poderia ter havido escolha melhor. TENHO CERTEZA DISSO.

Além dessas questões românticas, há também o fato de estarmos a poucos dias de um novo ano e esse tema em especial me acomete a sentimentos de nostalgia. Sempre, sempre, nessa época reflito sobre o passado e projeto o futuro. Tudo será novo, de novo, mas o que foi merece momentos de instropecção, porque fomos, passamos, fizemos, merecemos, estudamos, lemos, acordamos, dormimos, passeamos, choramos, rimos ... e por fim chegamos aqui!

Por tudo isso, gostaria de desejar BOAS FESTAS e um 2011 FLORIDO a todos vocês!


Nínive deixa uma mensagem de SENTIMENTOS para seu desfrute.

Vale dos Sentimentos

Era uma vez chamado Vale dos Sentimentos. Lá moravam todos os sentimentos do mundo, cada qual com seu nome: alegria, riqueza, sabedoria, determinação. Apesar de serem tão diferentes, se davam muito bem. Até os sentimentos como orgulho, tristeza e vaidade não tinham problemas entre si. Mas era lá no fundo do vale, na última das casinhas que morava o mais bonito de todos os sentimentos. O AMOR. Ele era tão bom que quando os outros sentimentos chegavam perto dele ficavam mudados porque eles sabiam que dentre eles, o amor era o melhor. Porém no mesmo vale, num lugar mais afastado havia um castelo. E lá também morava um sentimento, só que não tinha nadinha de bom... Era a raiva. E a raiva, de tão ruim que era, não gostava dos moradores do vale. Por isso, quando acordava de mau humor fazia de tudo para estragar a beleza do lugar. Certo dia, teve uma boa idéia. Foi até o calabouço e preparou a poção mais esquisita e estraga-prazeres de que se teve notícias. A fumaça da poção tomou conta do lugar, do vale e se transformou numa tempestade como nunca se tinha visto antes. Quando o vale se encheu de raios, chuvas e ventos, todos correram para se proteger. O egoísmo foi o primeiro a se esconder, deixando todos para traz. A alegria deu risada de alívio por ter se salvado rapidinho. A riqueza recolheu tudo que era seu, antes de se abrigar. A tristeza, a sabedoria, a vaidade, todos conseguiram chegar as suas casas a tempo. Todos, menos o amor.

Ele estava tão preocupado em ajudar aos outros que acabou ficando pra trás. Então uma coisa aconteceu. Um raio bem forte caiu sobre o vale atingindo o amor. A raiva deu sua tarefa por cumprida e foi dormir. Quando a tempestade passou, os sentimentos puderam abrir as janelas aliviados. Mas ao saírem eles sentiram uma coisa diferente no ar, o que nunca tinham sentido antes. Foi então que eles viram...
- O que aconteceu com o amor?
- Ele não se mexe ...
- Tá tão parado que parece que ... morreu.

Nisso a tristeza começou a chorar. O orgulho não aceitava. Disse que era mentira. A riqueza disse que era um desperdício. E a alegria pela primeira vez, não sorriu.

Foi ai que uma coisa estranha começou a acontecer. Os sentimentos começaram a ter desavenças, porque sem o amor para uni-los, as diferenças apareceram. A situação já estava bem ruim quando eles repararam que estavam sendo observados. Alguém que eles nunca tinham visto ali antes. Então, o estranho se ajoelhou na frente do amor, tocou-o calmamente e ele abriu os olhos.
- Ele não morreu. O amor não morreu. Gritaram todos. Foi ai que puderam ver o rosto do estranho que se chamava Tempo. E todos comemoraram porque o amor estava vivo e sempre vai estar, porque não há nada que acabe com o amor tendo o Tempo ao seu lado para ajudá-lo.

E sabe o que aconteceu com o Amor e o Tempo? Eles se uniram e tiveram três filhos: experiência, perdão e compreensão, que moram até hoje no vale dos sentimentos, lá no fundindo do coração.

"Quando procuramos o bem nas outras pessoas, descobrimos o que há de melhor em nós mesmos".


Autor desconhecido [mas foi a mamãe quem me mandou por e-mail].


domingo, 19 de dezembro de 2010

Meu herói

Sabe quando a gente conta uma situação desastrosa que está acontecendo na nossa vida e a pessoa ou nos escuta impacientemente, isto é, fica interrompendo sem cessar ou espera a gente terminar para dizer:


- Calma, no final tudo dá certo, se não deu, é porque o fim não chegou.

Eu nunca gostei dessa frase, acho-a clichê do tipo: a pessoa não tem nada para dizer e perdeu uma boa chance de ficar calada. Além disso acho também que a pessoa está desmerecendo o momento que é de tristeza, stress ou luto. Por que o que interessa é só a parte final? Por que não é dado o devido crédito do momento de transição aflitivo e angustiante? Por que a gente tem que ter calma se o momento pede outro estado de espírito? A calma é para o fim, quando tudo 'enfim', estará bem não é mesmo?

Hoje meu momento é de plena calmaria, bem a cara do fim, mas as semanas que antecederam esse bonito fim, foram de extrema tensão e eles precisam do registro, pois foi a única forma que encontrei de externar e por fim à dor, à tristeza, á fome, o medo, o cansaço, o stress, a aflição e a angústia que o Cid passou.

Ele viajou numa sexta para chegar domingo e na verdade Cid só conseguiu chegar no final da outra semana. Tudo o que podia dar errado deu, até que - passado a provação possível e inimaginável - ele começou a viagem de volta. A mudança chegou primeiro, já que o caminhão já locado com todas as nossas mudanças dentro, não coube a Ducato, no prego. Tentaram de todo jeito e tiveram que descer o carro e ele teve que ir atrás de outro caminhão. Recebi junto com a mudança, notícias do Cid e fiquei sabendo com riqueza de detalhes tudo o que aconteceu.

Primeiro tentaram voltar com a Ducato de cambão e estrada de terra com caminhão na frente é igual a colocar uma bala no revólver e ficar brincando de vida ou morte com alguém. O caminhão fazia poeira e Cid não enxergava para que lado a estrada corria então ele só via a ora da curva quando já estava em cima dela. Hora o caminhão estava devagar, hora rápido e nessa problemática cada vez que Cid tinha dificuldade ele buzinava e dava sinal com farol: quem disse que o motorista via? Cid viajou 200 km puxado correndo o risco de morrer a cada curva. Deus olhou por ele e para o motorista que resolveu parar e perguntar se estava tudo bem e se Cid queria continuar. Cid estava desesperado, queria ter parado nos primeiros 20 km e agradeceu o cara e ele seguiu viagem até aqui.

Minha mudança chegou em perfeito estado e fiquei feliz por saber que só mais um pouco Cid estaria aqui.

O processo de arrumar outro caminhão para trazer o utilitário foi resolvido graças a um amigo que virou um daqueles melhores amigos do Cid. Ele fez de tudo, absolutamente tudo para ajeitar a volta do Cid e graças a ele, meu marido conseguiu um outro caminhão e a sua volta - enfim - começara.

O motorista também estava fazendo um frete para um rapaz com dois irmãos, então vieram na frente o motorista, um rapaz e dois meninos, atrás veio a Ducato, a mudança deles e dois cachorros amarrados com corda pelo pescoço. Cid veio espremido, mas os cachorros vieram sambando, coitados.

Na quinta, por volta das 15h, Cid me liga e avisa que estava na entrada da cidade. Meu coração encheu de alegria e quis chorar, mas segurei. Quando o avistei, precisei segurar a emoção: Cid estava imundo, descabelado, barbudo, abatido e depois fiquei sabendo que ele estava sem comer, sem dormir e que tinha passado uma noite deitado no chão em cima de uma blusa e uma bermuda, as menos sujas que ele tinha. Quando Cid viajou eu arrumei roupa para 4 dias, mas na verdade ele ficou 10, em virtude disso ele ficou usando roupa suja durante uma semana e roupa suja no Pará não é igual a roupa suja no Espírito Santo, Minas ou São Paulo. Aqui a roupa fica bege quando está suja e marrom café quando está imunda. Cid estava parecendo uma borra de café de longe. Por ficar usando roupa suja, Cid que é branco-transparente ficou com a pele encardida e encheu toooooooooooooo-do de espinha, daquelas vermelhonas que inflamam. Estava de dar dó.

Desci do carro e abracei o Cid. Beijei-o na boca e disse que estava feliz por ter chegado. Sua viagem ainda não tinha terminado. O caminhoneiro deixou a água do radiador acabar e o caminhão deu pau há 10km da cidade, ou seja, Cid teve que pedir carona e chegar até aqui para pedir ajuda.

Em casa, Cid foi tomar banho e pediu roupas limpas. Eram umas 17h quando ele me disse que estava sem almoço, sem banho, sem dormir. As 20h ele quis comer de novo. A janta né. Deitou para ver tv e apagou.

Hoje estamos muito bem instalados na casa nova. Semana passada consegui colocar tudo no lugar e já fizemos um almoço de inauguração/comemoração. Só para ele e eu. Brindamos nossa primeira refeição em nosso lar.


Carneiro assado na brasa


No fim SIM deu tudo certo, graças a Deus. Mas graças também a meu marido que é um herói. O MEU herói.

Nínive acredita SEMPRE que as coisas vão dar certo. Não somente no final.
Fotos tiradas do meu celular. Como sempre.