Razão ...

RAZÃO ...


O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.

Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.

Seja muito bem vindo!


quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Melhor Tango até Agora



 - Dança de salão! – gritaram no camarim.

Olhei para a Érika, apertei sua mão e falamos ‘merda’ uma prá outra.
Já posicionados para entrar, na lateral do palco, comecei a respirar fundo e a reaquecer as pernas. Minhas mãos estavam geladas tais quais estão agora só de relembrar.

Ao chegar ao Teatro, sozinha, pensei que há 17 anos não me apresentava e que apesar de amar a dança, não tinha pensado que fazendo aula, poderia me apresentar em tão pouco tempo.

Tive dificuldade em entender a palavra disciplina e por vezes palpitava errado. Até que meu professor com muito jeito, disse que eu deveria apenas executar os movimentos que ele me pedia. E que eu deveria confiar nele.
A partir de um determinado período passei a dançar e a ensaiar todos os dias da semana e dançaria bolero e tango.
Tango?
Tango.




Camarim




roxos
 Eu ainda tinha 3 minutos para respirar, jogar um lenço no chão prá dar um desmaio e reaquecer as pernas. Pelo tempo esgotado, não deu para repassar mentalmente a coreografia. As luzes se apagaram, colocaram as nossas cadeiras de frente para o palco e eu tive que entrar.
(Acredita que estou com vontade de chorar. Aném)

No início da música, éramos Érika e eu dançando sozinhas. Em seguida, numa pose sentadas na cadeira, vinham os cavalheiros Ivanilson e Renato desde o fundo, dançando, até nos tomarem pelas mãos e então dançarmos os quatro, em pares.

Levou vários segundos para meu coração parar de bater na boca, mas a condução firme do meu partner ajudou-me a executar responsavelmente a parte que me cabia. Fomos muito aplaudidos, mas não dava tempo de olhar a plateia. Tínhamos uns 3 minutos para correr para o fundo do palco, trocar de roupa e voltar para dançar o bolero.

Na cochia ninguém deve ter vergonha de peito e bunda aparecer. Até porque não dá tempo de tampar o peito, sentir vergonha e trocar de roupa em menos de 3 minutos. Então vai de bundalelê mesmo, gente!
Bolero. Ah que alívio dançar a segunda música. Não tem mais nervosismo. Exceto pelo fato de que no meio da música, ao executar uma pose ops,  esqueci de tirar a meia arrastão e ficar só com a cor da pele que estava por baixo. Mas como ainda estou de meia se me lembro de tirar a calcinha?

Bom, na prática foi assim: pedimos para duas meninas do Balé ajudar-nos a trocar de roupa. Eu combinei que para não nos atrapalhamos, eu tiraria a roupa e ela me vestiria. Então tirei o corpete e a saia, os sapatos, a calcinha de dança, a flor do cabelo e a arrastão eu esqueci de descê-la.  Logo, ela só me vestiu o outro vestido e me ajudou a calçar os sapatos. No escuro ela não viu que o pano preto era a minha peça íntima.

Rapidamente, tudo isso me veio à mente no meio da pose e ao virar de costas para o palco, balbuciei um “ai jesus estou sem calcinha”.
No Camarim vi que a Érika estava bem mais calma que eu. E de calcinha.

Dali a alguns dias, fomos convidados a nos apresentar em Araxá, MG.
Coreografia remontada, somente eu e Ivanilson dançaríamos o tango sob novos passos recriados e ensaiados em pouco tempo. Assim que chegamos no local, enquanto todos repassavam, Ivanilson organizava a apresentação, as sequências das músicas e muitas outras coisas. L-o-g-o não deu tempo de relembramos pela última vez.
Pensa num nervosismo? Agora dobra.

No palco, assim que Ivan me tomou pelas mãos, me deu um vanish: branco total. Instantaneamente, minha deusa interior falou baixinho: fia, deixa ele te conduzir, porque até o lenço para você dar um desmaio passou batido. Respirei, olhei bem nos olhos dele e deixei me girar, me jogar, me juntar, me levantar e por fim abandoná-lo no palco, tal como a coreografia mandava.


Orgulho

Lamento, mas lamento profundamente por mais uma vez não conseguir a filmagem. Queria muito saber se nela, eu veria toda a emoção que senti e refleti no meu corpo, nos passos ensaiados, nos improvisados e no orgulho de terem confiado no meu esforço e na minha dedicação.

Só tenho a agradecer à oportunidade e a parceria de Ivanilson Barbosa Assim, Érika Assunta Roncolato e Renato Gabriel da Silva: MUITO OBRIGADA!



MERDA PRÁ VOCÊS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

*merda é uma expressão no meio artístico para desejar uns aos outros, uma linda apresentação *

domingo, 9 de junho de 2013

Meu 1º Concurso de Dança

Fomos pra Santa Rosa porque meu namoro seria o júri principal do Concurso de Dança.
Até chegar lá eu não sabia que poderia ter levado meu parceiro e feito a inscrição. Apesar dele ter dito que qualquer um poderia participar, ele não disse que eu poderia.
Lógico que desci um bicão quando vi que ficaria na mesa sozinha.
Quando o Concurso iria começar, Henrique chegou dizendo que o Carlinhos tinha chegado e que iria dançar comigo.
Nos inscrevemos e na pista de dança, o casal de número 12 - nós - ficamos sabendo que as premiações eram em dinheiro - 1º lugar 500,00; 2º lugar 300,00; 3º lugar 200,00 e 4º lugar 100,00. E os ritmos eram arrocha, samba de gafieira e forró. 
Ouvimos as instruções e uma delas era que dançássemos em sentido anti-horário para não haver atropelamento em pleno concurso. Moleza, pensei!
Com jeitinho, gingadinho, dançamos o arrocha e quando passávamos na frente do júri eu realmente me exibia. Faltei piscar, mas achei melhor fazer charme e esperar o próximo ritmo.
Samba de gafieira. Oi? Assim que fiquei de costas pro júri cochichei: devagar que sou iniciante. Ele: o que você saber fazer? Eu: Han?
Fomos pro fundo do salão e treinamos o gancho, passamos na frente do juri e executamos. Fomos pro fundo de novo e treinamos o facão. Fomos pra frente do juri e mandei o facão junto com um beijo pro Môti e quando a gente ia treinar o próximo passo a música acabou.
Forró: ah moleza. Dois prá lá e dois prá cá, leque, chuveiro, giro, charminho e tchan; pose de artista no final da música.
Quando acabamos eu estava dissorando, com o coração na garganta e querendo jogar o lenço no chão pra dar um desmaio.
Dos 13, 6 seriam classificados e depois de mais um ritmo, os 4 vencedores.
Dei uma olhada geral na galera e parecia que só eu estava botando os bofes pra fora. Mas confiei na piscadela e no meu falcão beijoqueiro.
Em uma sociedade onde lidamos com nepotismo e o 'quem indica', tive certeza que o Bem garantiria o nosso Dia dos Namorados. Até porque havia mais 3 pessoas no júri e claro que uma delas há de ter visto meu brilho. Estava até me conformando com o 4º lugar quando escutei minha desclassificação. Saindo com um sorriso de Miss e dando tchauzinho, vi aquela dinheirama toda sendo dada aos que dançaram melhor, aos vencedores.
De volta à mesa, ganhei do namoro um beijo, um licor de Jenipapo e uma aula particular.
Risos a parte junte esses três itens em um dia só?
Vai dar samba não vai?
Agora vai!

Nínive precisa fazer mais aulas de dança.