Razão ...

RAZÃO ...


O conhecimento que recebemos, na maioria das vezes, não tem muita relação com a nossa história, no máximo tem relação com a nossa formação profissional.

Aprendemos a acumular conhecimentos, aplicar fórmulas, analisar teorias, repetir regras ...
Todos esses eventos têm relação direta com a nossa história pessoal, nossos sonhos, expectativas, projetos, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais e até crises existenciais.
Adquirir essas experiências e vivê-las a tal ponto de segurar as lágrimas para que não derramem, estar preso a pensamentos nunca revelados, ter temores não expressos, palavras não ditas, inseguranças comunicadas e reações psicológicas não decifradas, são àquelas em que aprendemos na escola da existência. É nessa escola que deixamos raízes, saudades e memórias infindáveis.
É vivendo com cada experiência, que aprendemos a lidar com ela.
Por todos esses motivos, a razão desse espaço é dividir aprendizagem, oportunizar leituras, e claro, me exercitar na escrita e na comunicação.

Seja muito bem vindo!


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Perdas que edificam

Tenho uma certeza absurda que as perdas doem tanto quanto edificam.

Quando não há falta, o leque é grande e as escolhas podem se tornar difíceis já que o ser humano tem a mania de querer executar o que é mais fácil só pra se garantir.
Na dor da perda - seja ela de qual natureza for - só há duas opções: se render ou se superar.

Infelizmente e por diversos fatores alguns se acostumam tanto com a dor que deixar de senti-la é outra perda. O que era um viram dois. Já outros resgatam forças que cultivaram inconscientemente e conseguem levar uma boa vida, alguns até melhor que antes; pois no tempo certo o sol reaparece, o corpo finalmente esquenta, a cama fica chata e a vida mais blue.

Não falo em hipótese alguma de pais que perdem filhos pois essa ordem não existe nem nas cronologias mais inescrupulosas. Falo das perdas convencionais, digamos assim. Falo da perda pra morte, da perda pra vida, da perda do trabalho, do bicho de estimação. Falo também da perda do avião, do seu salário que estava todo na carteira e um delinquente levou, da perda da emoção, da perda da razão. E como falo.

Perder pra si mesmo é uma das sensações mais impotentes que se pode assentir, pois é ali que se julga incapaz e incapacidade é uma perda de estima dolorosa demais. Há tristeza na presença e presença na tristeza. Tão presente que grita. Sempre dói mais ter algo e perdê-lo do que não ter aquilo desde o começo. Mas o tempo pode ser uma coisa bem voraz, às vezes se apodera de todos os detalhes só para si mesmo. As pessoas também fazem isso: se apoderam de um detalhe e resignificam a seu bel prazer. Dessas, pode esperar sintomas comportamentais como pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, sensação de inutilidade, ruína, fracasso, humor depressivo, irritabilidade, ansiedade e inconstância.

Eu poderia sugerir o que fazer.
Eu poderia consultar sites de buscar e fazer um apanhado de indicações de terapeutas e psiquiatras e transcrever como forma de ajudar.
Mas no momento a única coisa que consigo é abrir a boca e fechar de novo. Eu quase escrevo. Quase. O resto da minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. Mas a única coisa que consegui fazer foi me levantar e vir embora.

Nínive will unfollow, will pass.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Respeite os idosos! Eles podem ser seu orientador ou meu pai.

Para se ter um diploma de curso superior é preciso querer muito. Não é à toa que quando as cortinas se abrem no dia da colação de grau e você vê seus pais e amigos te olhando o choro é muito bem vindo. Tudo de muito porque até esse dia chegar são milhares de aulas assistidas, outras perdidas, provas fechadas, outras zeradas, trabalhos em grupo que você faz só e põe o nome do restante, trabalho individual que só sai se feito no coletivo, brigas com professores, com os colegas, em casa por causa da faculdade, na faculdade por causa do namorado, colas feitas na perna, nas coxas, na blusa de frio, na garrafa de água e um tal de TCC que pelo amoOr. Um caso à parte. Seu orientador é um professor que você escolhe a passar os próximos 6 meses namorando. É, porque se o caso que você tiver com ele não for de amor o trabalho não sai. Nesse relacionamento há troca de telefone, zilhões de e-mails, desentendimentos, gratidão, sorriso, choro e eu fiquei de mal do meu várias vezes. Lia seus e-mails, fazia as correções solicitadas e mandava de volta sem dizer olá ou tchau, no máximo um "aguardo sua aprovação". Eu morria de raiva quando ele me atravessava uma resposta, mas falava um "graças a Deus" sem som quando no meu e-mail tinha um dele. De implicância e com amor, ele lia tu-do, corrigia e me mandava refazer. Eu só não lhe dei um soco porque sou educada, porque corri atrás dele um semestre inteiro implorando pela sua orientação, porque lhe prometi dedicação e também porque ele está enquadrado no artigo segundo do Estatuto do Idoso. (Luiz Cesar, te dedico!)

Falando em idoso, pude recentemente compartilhar do último diploma do meu Papaizinho. Ao entregar o meu, alegre colocou o seu junto e me contou com riquezas de detalhes como conseguiu tal feito. Esse, foi ainda mais difícil que todos os seus outros e obviamente muitíssimo mais que o meu. Não lhe custou mais que dez notas de um real, mas 60 anos de vida! Por esse diploma, ele anda desfilando pela cidade com orgulho e autoridade. Ninguém pode mais falar que ele dá carteirada como o indefectível Recruta Zero. Não tem a opção de reduzir o documento a fim de caber no seu bolso ou carteira, e isso é problema? Ele saca auspiciosamente seu cartão-diploma a quem o contesta e fala: - "por favor, não mexe comigo não. Agora eu sou avô da Melissa da Lavínia e também sou Idoso".



É, para se ter um diploma, precisei esperar uns 3 anos depois de formada ficar pronto e mais 2 convencendo a faculdade que está pronto e depois de alguns documentos registrados em cartório e uma amiga sensacional, o bendito que me custou o enredo dessa história chegou todo amassado - um agradecimento especial aos Correios.

É, para ser filha desse idoso eu precisei foi de muita sorte!

Nínive diz: - você sabe o que é respeito?